setas-03

exposições

Atas da Câmara (1555 - 1899): dos documentos do passado ao território do presente

post-01
post-02
post-03

As Atas da Câmara das vilas coloniais de Santo André da Borda do Campo e de São Paulo de Piratininga constituem raros exemplares de documentação administrativa do reino de Portugal elaborada e conservada na América. Esse conjunto documental, além de ser um dos únicos testemunhos de atas de vereança quinhentistas, atesta o estado de língua que originará o português brasileiro bem como as caligrafias que permitem contar a história social da escrita na América Latina colonial. Sua significância foi recentemente reconhecida pela UNESCO, através do programa Memória do Mundo, já que este raro conjunto constitui um relato original da sociedade colonial portuguesa a partir do século XVI, a qual se assemelha e se contrapõe à sociedade colonial espanhola, responsável pela maior parte do território colonizado da América Latina e Caribe.

 

Para a presente exposição, oito atas foram cuidadosamente selecionadas, datando de 1555, remanescente mais antigo do Brasil, até 1899, momento de criação do primeiro cargo de prefeito da cidade de São Paulo. Embora as atas da exposição sigam, grosso modo, o tempo cronológico, os textos de mediação priorizaram fatos, narrativas e conceitos que dialogam com as questões vigentes no território do presente, buscando, sempre que possível, suscitar reflexões do espaço e das gerações do hoje. O germe da história, contada pelos documentos, está na interpretação que fazemos dos relatos, os quais podem se desenrolar para caminhos de transformação.

Acervo e Conservação: exemplares do AHM

1
2
3

O Arquivo Histórico Municipal (AHM) é um departamento vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, responsável pela guarda permanente, identificação, ordenação, conservação e divulgação do valioso conjunto documental produzido pela administração pública municipal desde meados do século XVI até a primeira metade do século XX.

 

O Acervo, de valor probatório e histórico-cultural, é fonte imprescindível para a recuperação de informações sobre a história de São Paulo e custodia os documentos considerados mais antigos da América Latina – as Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo (1555-1899), reconhecidos e chancelados pela UNESCO, bem como outros conjuntos documentais de extrema relevância para os estudos urbanos, arquitetônicos, sociais, geográficos, históricos, culturais e ambientais. Não somente, entre documentos textuais, cartográficos e fotográficos, a massa documental perfaz aproximadamente 4.000 metros lineares, abarcando informações das atividades executivas, legislativas e judiciárias da Administração Pública.

 

Nesta pequena exposição, foram selecionados exemplares documentais de fundos e coleções de destaque, como:

 

  • As Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo e São Paulo de Piratininga (1555-1909), que constituem raros exemplares de documentação administrativa do reino de Portugal elaborada e conservada na América;
  • Os Documentos do Departamento de Cultura (1935-1940), dirigido por Mário de Andrade, que abordam a construção da nacionalidade brasileira, sob o olhar paulista em oposição ao Estado Novo, proposto por Getúlio Vargas a partir do Rio de Janeiro, então capital federal;
  • Conjunto da Comissão do IV Centenário da cidade de São Paulo (1951—1967) em que foi feita a proposta do Governo municipal de alavancar e projetar nacional e internacionalmente a pujança da economia paulista.
  • Conjunto documental da Comissão Municipal da Memória e Verdade –CMVD (2014 a 2016), e Cemitério de Perús (1990 a 1991) em que é possível recuperar a trajetória de lutas de indivíduos em prol da democracia no Brasil;
  • Livros de registros dos enterramentos em cemitérios públicos municipais (1858 a 1977);
  • Fundos e coleções particulares, com especial atenção aos fundos Escritório Caio da Silva Prado, Armando Prado e de Severo e Villares que, ao adquirir o escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, incorporou e preservou a documentação de intervenções urbanísticas realizadas pelo titular, que projetou e construiu edifícios que são, nos dias de hoje, marcos arquitetônicos da cidade de São Paulo e muito mais.

Por fim, considerando o minucioso trabalho efetuado pela Supervisão de Conservação do Acervo, a exposição conta com uma seção dedicada às técnicas, materiais e ferramentas utilizados nos tratamentos dos documentos, proporcionando, desta forma, a devida difusão e salvaguarda dos documentos de valor histórico para as gerações do presente e do futuro.

Cartografias da cidade e o lampejo do artista: disrupções (im)possíveis

O acervo cartográfico do AHM é composto por aproximadamente 15.000 plantas, mapas e desenhos técnicos provenientes de fundos públicos (Câmara Municipal de São Paulo e Prefeitura Municipal de São Paulo) e de fundos privados considerados de valor público, como os mapas e plantas do Escritório Caio da Silva Prado, Jorge Macedo Vieira, João Brito da Silveira Leme e coleções de Severo e Villares, S.A.R.A Brasil e Vasp Cruzeiro.

 

Grande parte das plantas pertencentes aos fundos públicos e remontam ao período compreendido entre o final do século XIX até 1930, abarcando projetos de obras públicas, projetos de obras particulares, levantamentos topográficos da cidade e suas adjacências.

 

Para além da data-limite de 1930, integram também o fundo PMSP os projetos de obras públicas desenvolvidos na ocasião das comemorações do VI Centenário da Cidade de São Paulo. Destes, destaca-se o projeto do Parque do Ibirapuera composto por 2.782 plantas e desenhos técnicos datados de 1949 a 1972.

 

Este vasto conjunto cartográfico é comumente utilizado como insumo de pesquisas técnicas na área da arquitetura, engenharia e urbanismo, ciências de intervenção e de normas cartesianas aplicadas sobre o espaço geográfico. É a cidade representada sob a ótica de sua funcionalidade, da morfologia urbana como representação concreta do lápis e do esquadro em Gabinete. O espaço de todos os dias, conjunto de fluxos e movimentos, possui, por sua vez, outros tipos de representação, tanto em pensamento como em linguagem – artefato cultural mais antigo e potente da nossa existência.

 

O artista na sua singularidade, desempenhando liberdade no processo criativo, também trabalha com inúmeras formas de apresentação da cidade, realçando escalas e implodindo certezas. No entanto, a prática cientifica e a prática artística, distintas nos métodos, carregam pontos em comum, dos quais um é a formulação do espaço em formas de representação, seja por linguagens disruptivas, seja por imagens em demonstração.

 

Num caso e noutro, o lampejo criativo das (im)possibilidades de se representar o mundo nos convida a uma geografia lúdica e poética, dentro de uma tensão e equilíbrio entre ciência, arte e cultura.

Arquivo Histórico Municipal
Secretaria Municipal de Cultura

 

Praça Coronel Fernando Prestes, 152

Bom Retiro – São Paulo, SP – CEP 01124-060

e-mail: faleconosco.ahm@prefeitura.sp.gov.br

telefone: +55 11 3396 6000

 

Funcionamento durante o Festival

De terça a sábado, das 9h às 22h

Realização